Cristiano Frazão Pacheco
Faleceu em Lisboa a 3 de Maio de 1964, aos 78 anos de idade, Cristiano Frazão Pacheco, aquele que foi um dos mais importantes industriais açorianos do século XX.
Nasceu em Ponta Delgada a 22 de Agosto de 1885, realizou o ensino secundário no Liceu de Ponta Delgada, seguindo depois para Lisboa, onde estudou na Escola Académica e no Curso Superior de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1904 juntamente com Agnelo Casimiro, fundou a revista literária Nossa Terra, próxima do neo-garrettismo do início do século XX. Desiste do curso em Lisboa e muda-se para Paris, onde realizou o bacharelato em Letras e frequentou o College des Dames Anglaises. Familiarizou-se com o meio intelectual da capital francesa, sendo o responsável pela publicação de grande parte das cartas de George Sand em duas revistas parisienses. Foi tradutor de Eça de Queirós para francês, destacando-se as traduções que fez dos seus contos e do romance O Mandarim. Deixou vasta colaboração na imprensa de Paris, por vezes com o pseudónimo de Claude Frazac. Cultivou desde cedo uma veia de polemista, que veio a desenvolver com tempo e à qual não foi alheia a influência de Eça de Queirós. Relacionando-se em Paris com alguns filhos do escritor Manuel Pinheiro Chagas, foi nesta ilustre família que conheceu Valentina Pinheiro Chagas , filha mais nova do grande escritor romântico, com quem casou em Paris.
Regressa a Ponta Delgada e em 1913 fundou a Sociedade Corretora, Lda., que se dedicaria à exploração e comércio do ananás, e de conservas de vária natureza. Poucos anos depois, levado pela necessidade de resolver a questão dos transportes marítimos, a que implicitamente estava ligada a industria do ananás, fundou a Companhia de Navegação Carregadores Açorianos, depois da I Guerra Mundial, para ajudar a exportação do ananás.
Republicano moderado, foi um dos responsáveis pela fundação do diário Correio dos Açores, em Ponta Delgada, em 1920, cuja direcção foi entregue ao monárquico José Bruno Carreiro e ao republicano Francisco Luís Tavares. Esteve por detrás da fundação do diário A Ilha, em Ponta Delgada, em 1 de Maio de 1939, cujo primeiro director foi o seu amigo Agnelo Casimiro. O jornal alinhou inicialmente com a ideologia do Estado Novo. Passou a semanário em Setembro de 1940. Com a passagem da direcção para José Barbosa, de convicções republicanas e democráticas, o jornal veio a ser o porta-voz oficioso do Movimento de Unidade Democrática de Ponta Delgada, em 1945 e nos anos subsequentes.
Durante a II Guerra Mundial, passou a promover a indústria das conservas, sobretudo do ananás, peixe e carne.
Foi sepultado em Ponta Delgada a 6 de Maio de 1964 no cemitério de São Joaquim após missa de corpo presente na Igreja do Colégio.