Dom Manuel de Medeiros Guerreiro
Faleceu a 10 de abril de 1978, aos 86 anos de idade, na sua residência em Santa Cruz, na Lagoa, Dom Manuel de Medeiros Guerreiro, notável bispo açoriano no Oriente.
Nasceu a 12 de abril de 1891 em Santa Cruz, na Lagoa, onde realizou os seus estudos elementares. Em 1904 ingressou o Seminário Diocesano de Angra, na ilha Terceira, onde concluiu a sua formação religiosa e foi ordenado presbítero a 24 de Agosto de 1913 por D. Francisco José Ribeiro de Vieira e Brito, em Rendufinho, concelho de Póvoa de Lanhoso, distrito de Braga. Em 1919 concluiu a licenciatura em Teologia, tendo frequentado em Roma a universidade Gregoriana e o colégio Português.
Regressou aos Açores em 1919 e exerceu durante 18 anos a docência no seminário diocesano de Angra. No ano seguinte, foi nomeado pároco da freguesia da Conceição, em Angra do Heroísmo, mantendo-se como professor externo do Seminário. Em 1928 foi nomeado vice-reitor do Seminário angrense pelo então bispo de Angra, D. António Augusto de Castro Meireles, sendo um dos principais obreiros da reconstrução do edifício, dando-lhe a configuração que no essencial ainda mantém.
A 10 de abril de 1937, o papa Pio XI nomeou-o bispo de São Tomé de Meliapor, do Padroado Português do Oriente (Índia), da qual tomou posse a 10 de agosto do mesmo ano. A sua sagração efetuou-se na Basílica do Bom Jesus, em Goa, a 15 de agosto de 1937, à qual presidiu o patriarca das Índias Orientais D. Teotónio Vieira de Castro. Entrou solenemente na sede diocesana a 22 do mesmo mês, tendo-lhe sido prestada uma calorosa receção na Estação Central de Madrasta. Ao exercer a função de bispo nesta diocese, visitou e fez um estudo pormenorizado da sua dispersa diocese, não tendo apenas visitado uma das suas 62 paróquias dentro do prazo prescrito pela lei canónica. Foi, assim, parar, por vontade papal, aos confins do Oriente, mais um açoriano, honrando o episcopado português e a Igreja Católica. Permaneceu na diocese de Meliapor até 1951, ano em que esta foi fundida com a Arquidiocese de Madrasta e deixou de fazer parte da Arquidiocese de Goa.
A 2 de março de 1951 foi transferido, por bula do papa Pio XII, para a diocese de Nampula, em Moçambique, então vaga pela resignação de D. Frei Teófilo de Andrade. Veio a tomar posse da sua nova diocese a 15 de maio do mesmo ano, entrando nesta no dia 24 do mesmo mês e governando-a até 30 de Novembro de 1966, data em que atingiu o limite de idade. Nesse mesmo ano foi nomeado bispo titular de Praecausa, exercendo até 1971. No ano de 1967 tornou-se bispo emérito de Nampula, passando a residir na sua terra natal, Santa Cruz, Lagoa. A sua obra social em Nampula é grandiosa, tendo deixado o seu nome ligado à construção de inúmeros edifícios, incluindo a Catedral. Foi o único açoriano e talvez dos únicos portugueses que foram bispos da igreja católica em três dioceses diferentes.
Aquando do seu jubileu, que ocorreu a 15 de agosto de 1962, recebeu uma carta do papa João XXIII, datada de 24 de julho do ano anterior, a honra-lo. Foi também agraciado em 1962 com a insígnia de grande oficial da Ordem do Império, durante a presidência de Américo Tomás. A Câmara Municipal de lagoa descerrou um busto no largo do teatro, da autoria do escultor Álvaro de França, a título póstumo. Para além disso, o seu nome é patrono de duas escolas básicas do 1°. Cicio, uma na ilha de Santa Maria e outra na ilha de São Miguel, e integra a toponímia de uma das ruas da freguesia de Santa Cruz, na cidade de Lagoa.
O seu funeral realizou-se pelas 8h30 do dia 11 de abril, após missa de corpo presente na Igreja Matriz de Santa Cruz, na Lagoa, de onde seguiu para o cemitério local.