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Francisco Luís Tavares

Francisco Luís TavaresFaleceu a 31 de Julho de 1968 na sua residência em São Pedro, concelho de Ponta Delgada, aos 82 anos, Francisco Luís Tavares, ilustre jurista, empresário, político e jornalista açoriano.

Nasceu a 17 de Junho de 1886 na freguesia de São Sebastião, concelho de Ponta Delgada. Foi bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra e, ainda estudante, filiou-se no Centro Republicano Académico como membro da comissão de resistência, tendo sido dirigente da greve académica de 1907 e um dos integrantes do grupo dos “intransigentes”, assim conhecidos por acompanharem, até ao final da luta, os camaradas expulsos.

Ao regressar a Ponta Delgada, em 1909, dedicou-se a desenvolver a propaganda republicana na ilha e a contribuir para a organização do Partido Republicado de São Miguel, tendo sido o líder local da União Republicana e do Partido Republicano Liberal. Após a implantação da república em 1910, foi nomeado, aos 24 anos, governador civil de Ponta Delgada, filiando-se, posteriormente, na União Republicana chefiada pelo Dr. Brito Camacho. Em 1911 foi eleito deputado pelo círculo de Ponta Delgada, tendo sido dos últimos sobreviventes a ser deputado à Assembleia Nacional Constituinte e onde interveio ativamente na redação da primeira Constituição da República. Ainda no mesmo ano, foi criado o registo civil de Ponta Delgada onde começou a trabalhar como conservador, cargo que exerceu até atingir  limite de idade a 17 de Junho de 1956. Manteve as suas convicções democráticas e liberais durante o Estado Novo, do qual era publicamente opositor, tendo integrado o MUD de Ponta Delgada, em 1945.

Foi diretor-delegado da Companhia de Navegação Carregadores Açorianos desde 1926 a 1960, tendo sido obrigado a afastar-se desse cargo por motivos de saúde e passando a exercer o cargo de Presidente de Honra, até à sua morte. Foi ainda provedor da Santa Casa da Misericórdia, presidente do concelho de administração da Cinaçor (empresa proprietária do edifício do Teatro Micaelense), professor do Liceu e da antiga Escola Primária Superior, juiz do Tribunal Judicial e do Tribunal do Trabalho de Ponta Delgada, presidente da Associação de Futebol da mesma cidade, fundador e diretor do diário «A República», co-fundador, juntamente com o Dr. José Bruno Carreiro, do jornal «Correio dos Açores» e colaborador em diversas realizações de carácter cultural. Foi ainda autor do diploma que reconheceu a autonomia dos distritos insulares, bem como de diversos artigos e de alguns opúsculos e conferências sobre questões políticas, económicas e administrativas.

Promoveu e levou a efeito a construção do Teatro Micaelense, através da Companhia de Navegação Carregadores Açorianos, como contribuição para as comemorações do 4º centenário da cidade de Ponta Delgada. Aquando da inauguração desta casa de espetáculos em 1951, foi agraciado com a insígnia de comendador da ordem de Cristo por proposta do Prof. Costa Leite (Lumbrales), ministro da presidência de então, como reconhecimento do que representa um teatro no grau de cultura de uma região.

Em sinal de luto, as empresas Cinaçor e Manuel A. Mendonça (Herdeiros) encerraram as suas casas de espetáculo, respetivamente, durante 3 e 2 dias e a Câmara Municipal de Ponta Delgada, a sede da Companhia de Navegação Carregadores Açorianos e o Ateneu Comercial tiveram, no dia do funeral, as suas bandeiras a meia haste. Em sua homenagem, o seu nome foi integrado na toponímia da cidade de Ponta Delgada, onde é recordado, nomeadamente, no Largo em frente e na rua adjacente ao Teatro Micaelense.

O seu funeral realizou-se pelas 17h30 do dia 1 de Agosto da sua residência em São Pedro para o cemitério de São Joaquim.