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Rebelo de Bettencourt

Rebelo de BettencourtFaleceu a 4 de setembro de 1969, aos 75 anos de idade, na sua residência em São José, concelho de Ponta Delgada, José Rebelo de Bettencourt, notável escritor, poeta e jornalista açoriano.

Nasceu a 30 de agosto de 1894 na freguesia de São Sebastião, concelho de Ponta Delgada. Frequentou a Faculdade de Letras de Lisboa e um colégio em Londres, mas desistiu da licenciatura para abraçar o jornalismo. Foi contemporâneo de vários escritores de renome portugueses pertencentes à “geração de Orpheu”, da qual fez parte Fernando Pessoa, tendo, inclusivamente, sido companheiro de Armando Côrtes Rodrigues, Santa-Rita Pintor e Almada Negreiros, bem como aluno de Teófilo Braga, a quem dedicou um dos seus trabalhos. Participou na corrente futurista em 1917, conjuntamente com Santa-Rita Pintor, mas cedo a abandonou para se converter ao nacionalismo literário, acabando refugiado na sua ilha dedicado a um jornalismo de subsistência, afastado do mundo das letras nacionais.

Como jornalista, começou por colaborar, desde 1912, no “Diário dos Açores”, jornal que tornou possível que este se tornasse correspondente de uma publicação brasileira, que servia a comunidade portuguesa, e para o qual colaborava com artigos que “davam a conhecer os Açores”, e no jornal “Século”, entre 1917 e 1918. Fundou o jornal “Distrito”, em Ponta Delgada, foi redactor do jornal “A Pátria”, em Angra do Heroísmo, e colaborou ainda, em Lisboa, na “Gazeta dos Caminhos-de-Ferro” e na revista de turismo “Viagem”, dirigidas por Carlos de Ornellas.

Dos seus tempos futuristas, publicou uma antologia de crónicas da revista Portugal Futurista intitulada «O Mundo das Imagens» e três antologias poéticas: «Cantigas» (1923), «Oceano Atlântico» (1934) e «Vozes do Mar e do Vento» (1953). Foi autor de diversas críticas literárias e teatrais, bem como de alguns livros em prosa e verso, sendo o seu primeiro livro intitulado «Ode a Camões», publicado pela Tipografia do “Diário dos Açores”. Publicou ainda alguns ensaios de mérito sobre Antero de Quental e Teófilo Braga.

Em sua memória, foi publicado a 26 de Abril de 2014 o livro «Rebelo de Bettencourt: Raízes de basalto» que aborda a sua obra literária, escrito pela investigadora Anabela Mimoso e editado pela Seixo Publishers, editora criada no Canadá pelo seu neto Eduardo Bettencourt Pinto. O seu nome integra ainda a toponímia do município Ponta Delgada, numa das ruas da freguesia do Livramento.

O seu funeral realizou-se pelas 9 horas do dia 5 de setembro após missa de corpo presente na Igreja de São José, de onde seguiu para o cemitério de São Joaquim.


«Quem, habitualmente, lê os meus artigos, sabe tão bem como eu que, quando escrevo para a imprensa da minha ilha, é sempre ao assunto açoriano que dou a minha preferência. Trinta anos de Lisboa não me despaísaram, se me permitem a expressão. Continuo a ser o mesmo micaelense de sempre, a tal ponto que, nos meus melhores versos, naqueles em que mais se adivinha a paisagem natal, eu não deixo de fazer transparecer a minha qualidade de ilhéu. Muitas vezes tenho dito e escrito que quando se nasce açoriano é para sempre.»

José Rebelo de Betencourt (Gazeta dos Caminhos de Ferro, nº 1454, de 16 de junho de 1948)